INTRODUÇÃO:

No Brasil, a resinagem é praticada predominantemente em povoamentos florestais implantados com outros objetivos que não o de produção de resina. Atualmente, com os trabalhos de pesquisa realizados, já é possível implantar florestas com sementes melhoradas, com aumento significativo da produtividade, visando a produção de resina associada à madeira.

• Resinagem – conjunto de operações realizadas com vista a produzir e extraira resina das árvores, com base na abertura de fenda ou sulcos que fazem verter os canais resiníferos.

• Resina – Material sólido ou semisólido, usualmente uma mistura complexa de componentes orgânicos, denominados de terpenos, insolúveis em água, mas solúveis em certos solventes orgânicos, tais como hidrocarbonetos, éter e etanol.

Após análise da Floresta, e avaliação das suas condições, e levando-se em consideração a idade e o diâmetro das árvores, inicia-se o processo de resinagem.

É comum no setor, o processo de resinagem ter início em florestas com idades superiores há 8 anos para os Pinus elliottii e 12 anos para os Pinus tropicais, sendo que geralmente os plantios com esta idade têm uma população entre 800 a 1.000 árvores/ha e os quais já devem estar devidamente desramados.

A época recomendada para se iniciar as operações de resinagem é no período de inverno, com a instalação, já que estas operações iniciais são demoradas e se bem realizadas, no principio da primavera é possível iniciar o estriamento das árvores e começar a ter uma produçãosatisfatória.

1 – FERRAMENTAS UTILIZADAS

Nas operações de resinagem, pelo método clássico, são utilizadas as seguintes ferramentas:

· Estriador Comum – ferramenta de superfície cortante, em formato de “U”, de base reta e com dimensão igual à altura pretendida para a estria;

· Estriador de bico ou Riscador –ferramenta com superfície em formato de “V” com as laterais cortantes e com ponta levemente arredondada, que é utilizada para fazer o risco no tronco (“bigode”), para facilitar a instalação do coletor de resina, evitando perdas;

· Raspador de Resina – ferramenta utilizada para raspar o painel, retirando a resina cristalizada;

· Raspador de tronco – ferramenta utilizada para o alisamento da casca, facilitando a instalação de recipientes coletores e também a confecção de estrias;

· Bisnaga ou Almotolia – ferramenta utilizada na aplicação de pasta estimulante e pode possuir bico plástico ou metálico.

· Engenhoca – Estriador com cabo alongado utilizado para cortar estrias altas.

Nota: Em relação aos EPI’s, transporte de funcionários, normas trabalhistas, dentre outros, são contemplados pela legislação vigente.

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2 – SELEÇÕES DAS ÁRVORES

Para áreas com Pinus elliottii, normalmente são selecionadas árvores com DAP mínimo de 15 a 16cm, normalmente com DAP médio de 18 ou 19 cm.

Para áreas com Pinus tropical, o DAP mínimo comum é de 18cm.

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3 – ROÇADA E LIMPEZA DA FLORESTA

A roçada consiste na eliminação de plantas não desejadas na floresta de Pinus, como por exemplo, sub-bosque avantajado. Ela pode ser feita pelos métodos: manual (Ex: foice), mecanizada (trator com roçadeira, motoroçadeira). Este processo é importante para facilitar a locomoção dentro da floresta, assim como eliminar a concorrência por água e nutrientes do solo.

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4 – RASPA DE CASCA OU DESENCARRASQUE

Esta etapa consiste em alisar o tronco da árvore, utilizando ferramenta adequada (raspador de tronco), para eliminar as irregularidades e nivelar a casca da árvore sem causar ferimento no lenho, deixando uma superfície lisa, com a finalidade de facilitar as etapas seguintes. Fica a critério do resinador, verificar a necessidade deste procedimento.

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5 – RISCO PARA FIXAÇÃO DO SAQUINHO

Esta etapa consiste na confecção de uma entalhe (ou incisão) na casca da árvore, com profundidade próxima ao lenho, para a fixação do recipiente coletor de resina. Deve ser feito com altura suficiente para que a base do saquinho fique apoiada ao chão, ou seja, algo em torno de 20 cm.

6 – AMARRAÇÃO DO RECIPIENTE COLETOR

Como recipiente coletor, o mais utilizado é o saco plástico.

Para fixar o saco plástico na árvore, utiliza-se arame (usualmente com 0,22 mm de espessura), encaixando o saco plástico no risco. Este procedimento deve ser executado com muita atenção, para que o saquinho fique bem fixado, evitando vazamentos.

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· Confecção do saquinho: os materiais utilizados na confecção do saquinho coletor são: saco plástico, semente de eucalipto (que pode ser substituído por pedra ou haste plástica) e arame. A primeira operação é dobrar a boca do saquinho uma vez. Em seguida deve ser colocada a semente a 3 cm das extremidades do saquinho, e fazer a amarração com arame. O comprimento do mesmo deve ser suficiente para dar a volta na árvore e ser amarrado com segurança.

7 – ABERTURA DA ESTRIA E APLICAÇÃO DA PASTA ESTIMULANTE

Utilizando a ferramenta adequada (estriador), abre-se um corte que seja suficiente para atingir o lenho sem feri-lo, para que os canais resiníferos fiquem expostos, sendo aconselhável que o comprimento seja próximo a 1/3 da circunferência da árvore, tendo como comprimento mínimo 15 cm e máximo 25 cm; e largura mínima de 1,5 cm e máxima de 2,5 cm.A pasta estimulante é aplicada de forma uniforme diretamente na parte superior da estria, entre a casca e o lenho para que os canais resiníferos não se fechem, mantendo a exudação por um período mais longo, até que se faça nova estria, desta forma a goma resina continua sendo exsudada. * Texto completo abaixo, em Período entre estrias

Usualmente são abertas estria retas (paralelas ao solo) da 1ª até a 3ª safra. A partir da 4ª safra, confeccionam-se estrias em ”V”. Existem casos em que já na primeira safra do painel as estrias já são realizadas em “V”, com aproximadamente 50% da circunferência da árvore, isto ocorre principalmente no extremo sul do país, com intuito de haver maior área da estria, já que devido aos longos períodos de frio geralmente a produção costuma ser baixa.

Abaixo um quadro resumindo a altura ao final de cada ano de safra nos Pinus elliottii e Pinus tropical.

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*A medição da altura do painel deve ser realizada a partir da primeira estria da primeira safra do painel.

A diferença na altura dos painéis entre as espécies se dá porque, no caso dos Pinus tropicais a resina dos mesmos possuir menor teor de terebintina, logo ocorre mais rapidamente a cristalização da mesma, havendo então necessidade de realizar um maior numero de estrias para seter uma produção permanente e adequada.

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· Período entre estrias e descanso das árvores

É comum realizar estrias a cada 15 dias para os Pinus elliotti e de 12 dias para os Pinus tropicais.

O período entre a realização das estrias pode variar, sendo que há fatores que influenciam na tomada de decisão do resineiro, tais como: temperatura e principalmente déficit hídrico, sendo o segundo fator bastante variável conforme a região em que se encontra o plantio, já que o regime de chuva é diferente entre os estados produtores.

Em algumas regiões do estado de São Paulo, por exemplo, segundo os balanços hídricos oficiais a época do déficit hídrico ocorre entre os meses de agosto e setembro.

Já no norte de Minas Gerais há longos períodos de seca (na maioria dos anos entre maio e setembro segundo os balaços hídricos) e na mesma época no Rio Grande do Sul o comum é haver invernos chuvosos, porém com frio rigoroso nestes períodos.

Logo, como é perceptível em cada região o produtor deve atentar-se de forma particular ao intervalo entre estrias, e nesses casos exemplificados de frio elevado e déficit hídrico intenso, o resinador deve ficar atento e caso necessário aumentar esse período em alguns dias para não prejudicar sua floresta, bem como sua produção que depende diretamente delas.

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8 – RASPA DE GOMA

Durante as operações de resinagem, parte da resina escorre até o saquinho e parte fica grudada no painel, havendo a necessidade desta ser coletada com o auxilio da ferramenta denominada ”raspador de goma”. Para a variedade de Pinus elliottii, a atividade é realizada uma vez ao ano. Para as variedades dos Pinus tropical, a raspagem de resina grudada no painel é realizada duas ou mais vezes ao ano.

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9 – COLETA

A coleta deve ser realizada manualmente, removendo a goma do saquinho e colocando nos baldes coletores retirando, sempre que possível, o excesso de água e impurezas. A goma dos baldes coletores deverá ser transferida para tambores com o saco plástico (sacão) para tambores já instalado, bombonas plásticas ou para o tanque granel.

Quando se tratar de Goma Resina Tropical, a mesma deve ser socada dentro dos tambores para que ela seja uniformizada, uma vez que se trata de uma resina mais dura, que quando colocada dentro dos tambores sem esse processo, gera vários espaços vazios e consequentemente um peso menor que a capacidade do tambor, gerando um custo maior de transporte.

Com o avanço da atividade, já existem outras opções aos tambores de ferro, são elas as “bombonas plásticas” que não necessitam a utilização de sacão plástico, além da coleta a granel, que são tanques rebocados dentro dos talhões por tratores e em sequencia a resina é estocada em local apropriado ou transferida diretamente no caminhão responsável pelo transporte.

Dica: Limpeza das mãos – Para facilitar a limpeza, é usualmente utilizado um composto dos seguintes produtos: óleo de soja e detergente líquido neutro.

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10 – PREPARAÇÕES PARA AS DEMAIS SAFRAS

Esta preparação deve ocorrer também no período de inverno, pois nesta época o intervalo de estriamento é maior e libera mão de obra para iniciar o levantamento dos saquinhos e consequentemente preparo necessário para o bom andamento da safra seguinte.

A operação consiste na acomodação do saquinho, um pouco abaixo da última estria cortada, até que chegue a uma altura máxima de 1,30 mts possibilitando assim a coleta da resina.Nesta oportunidade são substituídos os saquinhos muito desgastados e feita assim uma revisão completa para ter 100% dos saquinhos em condições de captar a resina a ser produzida. Esta operação é igual à instalação, porem acima imediatamente da última estria cortada.

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Nota: Dependendo do plano de manejo a ser implantado, pode–se adotar a resinagem em 1, 2 ou mais faces, desde que o DAP da árvore permita. Deve ser considerada a distância entre painéis de no mínimo 5 cm em toda a extensão do painel.

**** É IMPRESCINDÍVEL QUE SE UTILIZE O BOM SENSO, PARA EXECUÇÃO DE UM BOM PLANO DE MANEJO, EM TODAS AS OPERAÇÕES CITADAS ACIMA.

Este texto foi elaborado e redigido por um grupo de trabalho, formado por associados da ARESB e especialistas em resinagem, são eles:

– Eduardo Monteiro Fagundes

– Silvano Cunha Ribeiro

– Demerval Ferreira

– Estefhani Catherine Resende

– Ricardo de Oliveira Antunes Junior